domingo, 3 de abril de 2011

”(…) Todos olhamos o céu cheio de estrelas. De repente, lembrei também de uma aula que tive, quando olhei no microscópio. O professor pôs um pedaço de vidro, com uma manchinha, no microscópio. Olhando a manchinha, a gente não dava por ela. Mas, no microscópio, deu pra ver tantas coisas que eu nem poderia descrever. O microscópio aumentava a mancha tanto, tanto, que a gente descobria um mundo lá dentro!Olhando as estrelas de longe, eu pensei : “E se eu tivesse um microscópio para observar as estrelas? Quer dizer, um telescópio?” De longe, elas parecem todas iguais, mas, chegando perto, acho que eu descobriria as diferenças de cada uma.Quem sabe, uma é torta. Na outra, falta um pedaço. A outra é mais apagada. A outra tem um brilho especial.
Estrelas, estrelas, estrelas! Pensei muito nelas. Talvez elas sejam como a gente. Quando olho pras pessoas que não conheço direito, parece que está bem, que tudo está certo. Que só eu, minha irmã e meus pais temos problemas tão difícieis. Que a vida dos outros é tranquila. Que todos são iguais, como as estrelas que a gente vê de longe. Mas, se a gente se aproxima, como quando olhei a mancha no microscópio, ah, nem se fala! É outra história. Cada mancha é diferente. Cada estrela é especial. Quando as estrelas entraram pela janela, foi nisto que pensei. ‘Que a gente é como um pedaço da noite. De longe, estrelas perfeitas. De perto, estrelas tortas.’ “

(Walcyr Carrasco)

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